Em arabescos
Baila borboleta ao sol.
Do casulo
Recém-saída, metamorfoseada em quimera,
Pelo ar
Delineia rastros, coloridos, silenciosos...
Olhos machucados
Acompanham-na, agora fada disfarçada,
Que borda
O dia com fios
De fantasia.
É assim mesmo.
É bastante complicado desenvolver o próprio enredo.
Quase nunca os fatos conspiram a favor.
Mais comum é o circo de horror
Causado pelos nossos apegos insuportáveis,
De tão insustentáveis.
Fomos orientados para o abismo do nada.
Poucos conseguem enxergar
E caminhar
Pela estrada encantada.
Nossa mente foi desorientada pelo estabelecido,
Que, aliás, há muito já deveria ter sido esquartejado,
Abandonado...
...Esquecido!
O que está em jogo é muito maior,
Do que o que se pensa estar.
Viver é muito melhor,
Do que o incentivado acumular.
É se escancarar.
Passa integralmente pelo se entregar...
Sem se poupar,
Ou questionar.
Nem vale a pena contestar.
Recomendável é se alegrar
Para poder testemunhar
Do mundo, o desabrochar,
O florescer de uma nova consciência,
Com uma mais adequada cadência,
Onde haja respeito
Para o que cada um traga no peito.
Viver é perceber.
Atender.
Transcender,
Para, finalmente, incandescer...
SOUS LE CIEL DE PARÍS
Cidade luz que nos seduz
Céu noturno de verão
Lugar de encantos mil
Ambiente perfumado e primaveril
Amores que chegam e que vão
Clima romântico com paixão arrebatadora
Jantar a luz de velas
Champagne borbulhante
Bateaux-mouche deslizante
Águas do Sena deslumbrante
Eifell nos emociona
Montmartre dos pintores
Sob a abençoada Sacre Coeur
Montparnasse dos escritores
Poemas e sonetos encantadores
Descanso sobre o lençol de cetim
Lábios carnudos e desnudos
Peito ofegante
Colo perfumado e provocante
Channel, Channel, Channel.
Beijo delirante
Noite apaixonante
Manhã ensolarada
A alegria está no ar
Morri dentro de mim
Metade do meu corpo vegeta
e minha alma atrofia...
O coração renasceu das cinzas:
pulsando, pulsando, amando.
E se doendo!
Porque para morrer
e continuar vivendo,
É necessário se contorcer
Em muitas dores.
Aldenora Cavalcante
O nome dela
Há um nome nesse mundo
que consome meu sorriso
temo, tremo só de pensar
tenho medo desse nome
tenho nome nesse medo
Toca boca, céu, teu cheiro
vozes, vorazes desespero
Há o nome desse mundo
que ressoa em meu abrigo
teimo, tremo só de lembrar
tenho medo desse nome
tenho nome nesse medo
André Café
SONHO DE AMAR
A alma sonha pela noite embalada
Ter nos braços a morena,
Em segredo amada.
QUANDO ELA VEM
Como é bela uma mulher indo.
Entretanto prefiro vê-la
Vindo...vindo...vindo...
Eu sem sentido, sem tino
Nem mais a mim sinto.
VONTADE
Nenhuma mudança acontece
Se não ascender na alma
O desejo de mudar.
O tempo apenas pode facilitar
Preparando a semente para germinar.
No momento certo,
O trabalho é engendrado por nós
Somente.