segunda-feira, 12 de agosto de 2013




"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

- in 'Via-Láctea - XIII’, 1888. Olavo Bilac. Antologia: Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 37-55: Via-Láctea. (Coleção a obra-prima de cada autor).
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Conheça mais sobre Olavo Bilac, em: http://elfikurten.blogspot.com.br/2012/06/olavo-bilac-o-principe-dos-poetas.html
 — com Jussara Mattos,Claudia CervantesVitor Alceu de AzeredoNadia Mariza Francisco CorreiaAna Sánchez e Lívia de souza

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