sábado, 5 de outubro de 2013

Meu silêncio...

Meu silêncio...





















Mais que um momento, eu tenho necessidade de viver alguma parte da vida, em silêncio.
Gosto de ser este silêncio espaçoso que acolhe minha reflexões, não me faz perguntas e nem condena. Prefiro acomodar minhas dores, em um canto qualquer e ficar sozinha, aproveitando de mim mesma.

Sem muitas palavras, observo, avalio e alimento-me. E com muita frequência eu preciso ficar neste " eu silencioso", não triste, mas reflexivo, que pondera, que abstrai, que admira. Neste meu local de ausência dos barulhos, não sou prisioneira de acaso a tampouco me encho de justificativas para meus anseios. Sou aprendizados que aproveita do silêncio para afastar as cortinas da alma e encontrar a lâmpada que clareia minhas indagações. No meu quarto, fico ainda mais dentro de mim para me resolver, absorver ou condenar, reabastecer e me preparar para vida que não é de brincadeira.

Fico nesta entrega absoluta, sem ser usuária abusada e creio até que o silêncio tem alguma afeição por mim. Ele nunca reclama ou exige meu retorno para os umbrais da vida.

Para mim o silêncio, funciona para descongestionar velhas teorias, filtrar desejos e apaziguar meus sonhos. E ao contrário do que a palavra possa exprimir silêncio não significa solidão, porque nele eu trago todas as malas de sentimentos, juntamente com os espelhos para decifrar cada imagem, cada sombra, cada reflexo, desejando mudanças ou transformações daquilo que não me agrada. No silêncio nada se esfacela, no máximo se altera, contrai, argumenta e multiplica em nome do posfácio que acontecerá após sair deste casulo quente e enriquecedor.

No meio de tantos atropelos e destrambolhos eu deságuo e relaxo neste cheiro intimo do silêncio, buscando um motivo, um aval e não importa o quão ele pode ser vil, desnecessário, ou um saciador de minhas vontades egoístas, mas o silêncio é absolutamente inevitável para mim. Credito a ele minhas verdadeiras considerações pelos aprendizados silenciosos. Credito ainda a resolução dos dilemas, o descanso da alma e a revolução de muitas descobertas, de mim e dos outros. O silêncio é o meu melhor interlocutor e antídoto de minha insensatez

Abençoados e necessários silêncios de mim, que disciplinam e ensinam-me a desentalar amarguras, desaprender as tristezas, rejeitar dependências e conjugar o amor.

Ita Portugal

Nenhum comentário:

Postar um comentário