quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Um amor e um vinho virando vinagre....


Um amor e um vinho virando vinagre.





"Já começou?
1,2,3... testando!
O meu ponto de vista é vago e tão distante, do real definido como concreto.
Entendeu? Explico de novo!
Ouço, não vejo, busco entender, o que não é o mesmo, daquilo que querem que Eu entenda!
Tão fácil né? [...] Não!
'Coisificando' as estruturas de quem ainda vive, posso dizer que desejo matar!
A ira, não pertence a mim e sim as antigas personagens, das quais Eu mesma desconheço.
Sendo assim, diante de tantas especulações, resolvi criar algumas situações.
Bora lá?"

Ela olha da janela, como se esperasse alguém chegar de muito longe.
A pessoa que Ela tanto espera está morta, mas Ela ainda não sabe.
Já preparou o vinho e os dois copos que comprou no mercadinho ao lado.
Espera com um brilho no olhar, que diga-se de passagem é tão atraente!
O telefone não toca, a TV está quebrada e Ela não usa o computador.
Enquanto aguarda, fica lendo as velhas cartas que recebeu há um certo tempo.
Está esfriando na varanda, melhor fechar a janela, mas Ela não fecha!
Suas esperanças são tão agudas, que Ela não se dá conta de como tudo isso é perigoso!
Sim, perigoso!


Uma moça, tão jovem como Ela, na janela de sua casa pequena e fria.
Tão solitária à espera de quem já morreu.
Tudo bem que Ela ainda não sabe disso, mas a outra pessoa está morta!
Ligou o rádio e bebeu mais um pouco daquele vinho, que por sinal está ficando quente.
A boca e a língua massageiam o líquido, criando um espetáculo único ao paladar.
Ah! Ela está só de camisola...
Tão bela menina, mas tão confusa e solitária.
A outra pessoa não liga, ninguém mais dá sinal de vida e mil e uma outras pessoas circulam pelas ruas.
Ela está preocupada! Nem tanto com a outra pessoa, mas sim com o que Ela sente por Ela mesma.
Não é egoísmo, é vida real!


Bebe mais um pouco do vinho, já meio frio, meio quente.
Se aquece com uma manta que estava no sofá.
Olha 'pras' horas, como se o relógio fosse falar.
Se movimenta em direções opostas, é um rio de sentimentos e ilusões.
Ela está só!
Vejo Ela aqui de fora, sinto sua tristeza e não posso tocar.
Alguém está a sua porta, ouço passos.
Ela finge não saber e aumenta o volume do rádio.

A pessoa que Ela tanta deseja, já morreu...
E agora Ela está só, mas Ela não sabe.
A garrafa de vinho, está menos da metade do que deveria estar.
Sua manta, está caindo dos seus ombros, junto às suas lágrimas que escorrem do seu rosto pálido.
Tenho medo por Ela...
Suas pernas estão bambas e o mundo começa a girar.
Ela não fuma, mas acendeu um cigarro hoje.
Ela vai cair...
Poderia ir pra cama, mas insiste em esperar.
Olha as luzes da cidade e não enxerga ninguém, além Dela na varanda.

Seu cabelo fedendo cigarro, se entrega ao vento.
Suas mãos geladas pegam o copo, enquanto a boca saliva a última gota do vinho.
O mundo está ficando escuro, o céu já não é mais só o que está acima dos olhos.
Atenção! O telefone tocou!
SILÊNCIO!
Chama, chama, mas Ela não pode mais atender.
Aquela linda mulher, está estirada na calçada.
Deitada em seu próprio sangue com a cor de vinho.
Não pode ouvir o telefone tocar, nem ouvirá a notícia que tanto esperava.

Secretária eletrônica atende:
"Oi, desculpe ligar assim. Você nem sabe quem Eu sou.
Tenho avistado você ultimamente, mas nunca nos falamos.
A situação é a seguinte, sabe aquela moça que costuma beber vinho com você em sua varanda?
Então, sinto lhe dizer, que estávamos na mesma estrada, vindo pra cidade. O carro Dela estava na frente do meu. De repente, ouvi um barulho, foi tudo muito rápido! Um caminhão, arrastou o veículo Dela com muita força. Só deu tempo de te ligar e dizer que Ela está morta! Sinto muito! Até logo!"

Sempre muito tarde


É sempre tarde! Sempre, sempre, muito tarde!
É quando o Sol já se pôs.
Quando o céu já escureceu.
É na chegada do inverno.
É depois que as folhas caíram ao chão, de tão secas.

Sempre, muito, muito tarde!
Depois do rio de lágrimas.
Após a maratona de sentimentos enfurercidos.
Tarde!

Quando não se ouve mais latidos.
Quando as luzes se apagam.
Quando ninguém é de ninguém.
Quando todo mundo grita!
Quando se fere!
Quando dói!
Quando faz doer!

Sempre muito tarde!

Reclama-se!
Num clamor doloroso de se ouvir.
Meio verdadeiro, meio crocodilo.
Amargo e solitário.
Medo e ainda assim, muito tarde!

Arrepende-se, tortura e chora!
Tarde!
Ainda é muito tarde!

Se dá conta de que não se tem, por conta de não controlar o que se pode ser.

Indiferença


Passa por cima, finge passar.
Sombra da noite, assombra o passado.
Ignora o futuro, faz pouco caso do presente.
Revela descaso, fome, frio, doente e doenças.
Sorri, destrata, maltrata, contrata.
Inventa a solidão, quer ser só, ilusão.
Cria amores, dores, aflições irracionais.
Ignorância dos mortais.
Nuvem negra, maldita e mentirosa!
Irracional, descontente, cega.
Duelo contra o mal e o mal.
Covardia descarada!
Medo, medo e mais medo.
Foge, fode, fode!

Andrea Doria -- Renato Russo


Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também...

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