quinta-feira, 15 de setembro de 2011

LOUCURA.........


"O futuro é apenas um sistema de probabilidades. Porque se preocupa tanto?" Brian Weiss

Estávamos nós de café, quando nos chamou a atenção um grupo de três senhoras idosas, literalmente dondocas, no seu chá de fim-de-tarde. E nisto, a conversa era:
- Mas o que é preciso para ter facebook?
- Não sei, mas é uma rede social...
- Sei que através do amigo do amigo do amigo, encontram muita gente... e põem fotografias e põem músicas e falam... falam.. que eu sei lá!
- Metem-se agora a falar no facebook e não falam cara-a-cara como nós fazíamos...
- Eu não percebo nada daquilo, mas ela diz que ás vezes dá vontade de atirar aquilo tudo para o ar!
- Pois claro! Mas o que é que estávamos mesmo a falar antes?
- Da escola...

De facto, as redes sociais são um fenómeno à escala mundial que atinge todas as faixas etárias. Nós ficámos perplexas, confesso...

Não sei para que lado da noite

Não sei para que lado da noite me hei-de virar
onde esconder de ti o rio de fogo das lágrimas
quase a transbordar e acendo mais um cigarro
e falo atabalhoadamente de um futuro qualquer
e suspiro de alívio porque não ouves o que digo
ou se calhar também não sabes onde te esconderes
esperamos que se ilumine o lado certo da noite
é quando se esgotam as palavras e os silêncios
e a minha mão procura a tua que a recebe
e a noite se unifica e todos os rios secam
menos um por onde navegamos
para abolir a noite.

Carlos Alberto Machado in Talismã

Imagem: Helena Monteiro - Caneta/pincel com tinta da China

Quando amanhece penso:
Encontro-te no vento
virás abraçar-me como os ramos da árvore
e chegaremos ao coração da cidade

Ao meio-dia sei:
A distância do meu corpo ao teu grito
corresponde à do teu sopro ao meu ouvido
eis a anatomia do silêncio

De tarde fico exausta:
Circulo pelas ruas e roço-me nas praças

À noite adormecemos:
Será que te lembras? será que me lembro?

Amanhã alegro-me de novo:
Imagino a floresta, parto o espelho
e recomeço a ir ao teu encontro.

Teresa Balté in Poesia Quase Toda
apago sombras, o medo 
tons de cinzento e o negro
que a alma pode ser tela
óleo, aguarela

salpicada de arco-íris
Love song

Do not stare at me. do not. I am sincere.
there are many things that happen beyond
my limited control and disappear.
Why should I tell you that I’m not so fond

of most of them? why should I otherwise
coldly excuse myself for having no fear?
I have no time left. believe me, the skies
tell us everything is as clean and clear

as a knife’s blade wiped after de red
bleeding of sacrifice, wose mirror says
it will be drawn again and kill instead
of reflecting your narrow flashing face.

Let’s then look at the moon above the trees.
Never forget how much I love you. please.
Não sei das palavras que escorriam da alma desenhando aguarelas de azuis por inventar

tenho as mãos vestidas de vazio
O tempo passa
A vida passa
Eu passo

Com o passo no compasso
Com o passo em descompasso

Passam os dias
Em passo lento
Em passo apressado

E eu passo
E a vida passa
E o tempo passa

E tudo passa ...

Que país este...

Estou basicamente.... 
Indignada
Revoltada
Frustrada
Ressentida
Magoada
Fragilizada
Tocada
....
 Então o que se passa é o seguinte e resumidamente para entenderem o conteúdo da coisa em questão.
Fui praticante da modalidade ginástica acrobática durante 18anos, fiz provas nacionais e obtive alguns titulos. Sou treinadora à pelo menos 5anos. Então a "adoração" pela modalidade Acrobática faz parte de mim. Pois sei o que custa, os sagrificios e tudo o mais para atingir os objectivos que pretendemos.
Hoje foi a Final do Programa Portugal tem Talento na SIC, em que estava maravilhosamente representada pelo par misto do GCP - Gonçalo Roque e Sofia Rolão. Eles foram (a meu ver) os únicos a "crescerem" de programa para programa. Mostraram evolução, elemementos variados, coreografia e musica a condizer... tudo isto devido ao pelo trabalho efectuado tambem pelas suas treinadoras Ana Cardoso e Vanda Videira que ao longo do tempo tem mostrado serem treinadoras de grande nível pois levam e elevam a bandeira nacional muitas vezes lá fora com os seus ginastas. Não tirando o mérito a outros clubes que tambem o tem feito nos ultimos anos, mas neste caso especifico falo deste clube porque era este par misto que estava na final do PTT.
Os critérios para defenir talento passam por inumeros factores, e não são só os inátos, que nascem conosco, mas tambem o de trabalho árduo de sagrificio, de dedicação, de apoio constante e tudo o mais. Pelo menos a meu ver defino assim o "talento", até poderia pegar no dicionário e ver o que realmente é talento, mas deixo isso para algum(a) curiosa que queira deixar o seu comentário aqui.
Sendo assim este par misto, tem conseguido um magnifico trabalho. Uma evolução espantosa no decorrer do programa, e para não falar na carreira como ginástas de competição que são. Ainda na semana passada na taça do mundo alcançaram um belo 3º lugar colocando-os no ranking. E no seu próprio país mérito não lhes é reconhecido num programa como este, e o vencedor do PTT é um beatbox... e pelo que já me sondou de quem é da área não é de todo dos melhores... 

O elmo de Mambrino



" -Valha-me Deus senhor Dom Quixote, que não posso aguentar ou ter paciência com algumas coisas que vossa mercê diz, já que por elas imagino que tudo isso deve ser coisa de vento mentira ou patranhas, ou como lhe queira chamar. Porque quem ouvir vossa mercê dizer que uma bacia de barbeiro é o elmo de Mambrino, e que não sai deste erro há mais de quatro dias, que há-se pensar, senão que quem tal diz e afirma deve ter pouco juízo?
-Olha Sancho Pança – disse Dom Quixote - que tens o mais curto entendimento que tem ou teve algum escudeiro no mundo. Será possível que em todo o tempo que andas comigo não tenhas deixado de ver que todas as coisas dos cavaleiros andantes parecem quimeras, loucuras e desatinos, e que são todas feitas ao contrário? E não porque sejam assim, mas porque andam sempre entre nós uma caterva de encantadores que mudam todas as nossas coisas, as trocam e voltam a trocar a seu gosto, consoante nos querem favorecer ou destruir. Por isso, aquilo que a ti te parece uma bacia de barbeiro parece-me a mim o elmo de Mambrino e a outrem parecerá outra coisa. E foi rara providência do sábio fazer com que a todos pareça uma bacia o que na realidade e verdadeiramente é o elmo de Mambrino, pois, sendo ele de tal estima, todo o mundo me perseguiria para mo tirar, mas como vêem que não é mais do que uma bacia de barbeiro, não se dão ao trabalho de o procurar…”


tal como és, assim te quero, e sempre
diverso cada dia do que foste;
cada imperfeito gesto que inventares
me fará desejar-te em outro verso.
Da arte do soneto feito mestre
no concurso sem regra da floresta,
na mais pequena folha te descubro
e no caule do vento é que te perco.
Da turva luz já retirei o emblema
que me sirva de rosto permanente
e venha o cabeçalho do poema;
e pedirei á noite que me empreste
um farrapo do manto incandescente
de que se veste, agora, para ter-te

António Franco Alexandre (Duende)
Longinqua e calma melodia
no lado vazio da noite perturba silêncios

São dedos, libertos do medo...
dedilham ternura, desvendam segredos

E cristalinas lágrimas, tecidas de sonho por cumprir
imitam gotas de chuva


“De tudo abri mão, mais nada me resta. De quanto possuí, só tu, esperança, permaneces comigo. “

Nietzsche

distendem-se as asas
ensaio o voo...

que nas tuas mãos molda-se a miragem do mundo novo
LOUCURA

Vou a cada dia sendo apresentado
A um novo eu
No qual me desdobro...
Vôo ilimitado,
Tão razante,
Azul,
Esfacelado;
Já não me reconheço
Tão fragmentado dentro de mim....

Parece até que a mente se multiplica
Separando as mil pessoas
Dos diversos seres que sou...
Todos impostores !
Camuflagens para que o mundo não perceba
Minha loucura...

Mas na representação diária,
Fingindo sentir o que não sinto,
Pensar o que não penso,
Acabo me tornando miragem,
Um corpo sem contornos,
Incapaz de tocar
E, por completo, insensível ao toque...

Em desatino, busco meu próprio encontro,
Vasculhando meus restos de sanidade...
Ah, como a loucura é atraente !
Pois só no avesso deste tempo
É que Encontra-se a verdade !

Ausências

Um poeta sabe morrer
Sem deixar marcas

(Um poeta sabe matar
A alma em poemas)

Um poeta pode existir
Sem ser daqui...

Um poeta com a pobre alma oprimida
Aponta o dedo para o céu e grita

VIDA
VIDA
VIDA
-0-

Marco Aurélio M. FerreiraDEPOIS DA MINHA MORTE



Depois de morrer, bem morto - Quando chegar ao outro mundo

Cheirando a terra, cerveja, lágrimas, formol
Quero ir-me passear no horto - Ver como, afinal, é aquilo tudo
Quem é Deus, cadê o meu pai, como é o sol
Depois de deixar esta terra - Que falta leite, mel e maná
Quero ver onde canta a sabiá
O céu, onde todo poeta encerra - Certamente reencontrarei meu pai Antenor
Meus amigos, meus anjos, meus queridos
Quando chorar a saudade de tanto amor - Todos os paraísos serão reconstruídos...
Mas se não houver esse "lado de lá"
Nem existir o paraíso - Nem Pasárgada, Jerusalém celeste até
Não quero nunca mais voltar pra cá
Pois tenho o que harmonizo:
O PARAÍSO AQUI MESMO EM ITARARÉ!
 
M ú s i c a
De tudo o que fizeres, querida
Faça-se feliz, plena, única, singular
Para valer a sua vida
De tudo o que você plenamente amar.
Ame o infinito de cada  segundo que nunca mais vai voltar
Faça seus amigos; seja-os
A família cósmica você escolhe
Muito além do seu lar.
Seja verdadeira, positiva, exemplar
No riso, na dor – E tente se encontrar
Nas mais belas coisas, as coisas pequeninas
Que são eternas pérolas divinas.
Cada dia de seu aniversário
É página íntima de seu próprio sudário
Cada minuto de cada dia
Faça luz, relâmpago, nuvem, música, harmonia
Pois o tempo virá cobrar
Não o que você colheu em sinfonia
Mas o que você nunca soube plantar!
 

Loucos e Santos



Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão

 imbecil e estéril.

Oscar Wilde

 

Desenho de Urbano 



Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

andar por ai 
dentro da tua sombra, 

enxuto 



Emanuel Jorge Botelho, Dois Poetas e Um Pintor, Ed Artes e Letras.
(Livraria Solmar)

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