Chamar Pássaros
Chamar pássaros com o alpiste de amá-los. Eles pousam nos parapeitos. Nem sombra de medo nessa aproximação. Quase me sinto gêmea do que são parados à beira da janela ou saltando no telhado recém-chegados.A cordialidade dos pássaros é sutil: afloram o coração de quem os ama.
(Este poema inspirou "Cumplicidade" de Soares Feitosa.)
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Destino
Decerto não serás feliz.
Algum oráculo, estranho
e de longo tempo, anuncia.
Imponderável é o teu destino.
Mesmo que o amor inunde o pátio
das tardes e as tardes inundem as margens
dos dias e os dias invadam o delta
das noites, decerto não serás feliz.
Os elos, mesmo os de sangue, ruirão.
O tempo, com sua agulha silente, tecerá
a fábula febril da dor, os atrozes
elementos de tua insaciável agonia.
E nada restará a ti, ao animal
que és e foste nas horas extremas
dessa ancestral melancolia.
Decerto não serás feliz.
Algum oráculo, estranho
e de longo tempo, anuncia.
Imponderável é o teu destino.
Mesmo que o amor inunde o pátio
das tardes e as tardes inundem as margens
dos dias e os dias invadam o delta
das noites, decerto não serás feliz.
Os elos, mesmo os de sangue, ruirão.
O tempo, com sua agulha silente, tecerá
a fábula febril da dor, os atrozes
elementos de tua insaciável agonia.
E nada restará a ti, ao animal
que és e foste nas horas extremas
dessa ancestral melancolia.
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