terça-feira, 14 de junho de 2011

O altar da fênix.


Altar da Fênix





Carlos Morandi



       Eis-me aqui, levitando sobre a tessitura dos vossos pensamentos, sobre a malha das vossas emoções, sobre o nada e sobre o tudo.
Eis-me aqui, acendendo meus incensos à porta dos vossos dias e cobrindo-vos com um manto de brilho boreal em vossas noites.
Eis-me aqui, guardando vossos sonhos em meu alforje para depositá-los, um a um, no Altar da Fênix transformadora que vos forja em segredo.
Eis-me aqui, adormecidos meus, elevando ventos como painéis protetores ao vosso caminhar por esses tempos atribulados.
Eis-me aqui, de braços abertos na encruzilhada dos vossos destinos, como um totem indicativo diante da vossa sonolência.
Eis-me aqui, esticando raios de estrelas para iluminar a penumbra de vossas dúvidas ou da vossa inércia diante do Conhecimento.
Eis-me aqui, adormecidos meus, inspirando cada exalação de vosso alento enquanto estais dormindo sobre o vulto de um vulcão.
Sim, o maior perigo do mundo se esconde sempre na ilusão do desconhecimento. E enquanto pensais estar seguros, eis que os tempos tremem sob vossos leitos.
Beijei vossas faces e soprei minhas palavras em vossos cabelos. E agora, retiro vossos cobertores aos poucos, em deferência ao vosso inocente sono.
Venho para vos trazer à realidade que vos chama. Eis que é chegada a hora de vos banhardes no fogo sagrado da Fênix para renascerdes como despertos aos novos tempos de vossas vidas.
Acordai, adormecidos meus, acordai! Vinde em paz ao meu canto de infinitos e folheai as páginas do Conhecimento Eterno, pois este é o filho sagrado da Verdade.
Sufocai a falácia dos pensamentos improdutivos; aprisionai a balbúrdia das emoções ruinosas; enterrai nos campos do passado as vossas atitudes vãs; e elevai vossos sonhos terrenos às nuvens do fogo dourado.
Acordai para aprender. Para vos conscientizardes de que a Ilusão do Mundo é impiedosa, apesar de ser inocente, posto que é ilusão. Não a julgueis, apenas derrotai-a com vosso despertar.
E depois de acordados, voai às Verdades Universais que vos aguardam com as mãos estendidas e, sobre Suas palmas, as vossas esperanças que nelas depositei.
Porém, sabei: que daqueles sonhos antigos agora encontrareis destinos renovados. Pois, eis que o Conhecimento não só liberta, mas transforma aspirações de adormecidos em concepções de seres despertos.
A Vida mudou seu rumo seguindo os desígnios dos ciclos universais. A Vida segue agora os destinos deste planeta e deste sistema solar. E vós, que sois inseparáveis dessa direção, necessitais estar despertos para saber e contemplar os novos horizontes que estão se abrindo pelo Sopro do Sol.
Nada é eterno na matéria, agora sabeis. Talvez ela própria, em constante transformação. Tudo se renova na expansão do Universo, e vós, que sois também esse Universo, devereis atender ao Seu chamado.
Eis que novas moradias foram erguidas para o vosso abrigo; eis que novos campos foram semeados para a vossa colheita; eis que novos céus foram desenhados para a vossa elevação; e eis que novas terras foram estendidas para o vosso caminhar rumo às estrelas.
Nunca mais sereis, pois, caminhantes confusos no emaranhado de sonhos perdidos e esperanças inalcançáveis. Nunca mais sereis escravos do suor amargo de vossas próprias faces, dos conhecimentos superficiais e dos ditames do sono e do medo que vos instruíram enquanto vós dormíeis.
Mas antes de tudo, precisais acordar e vos depositardes no Altar da Fênix. Entregai vossa vida ao fogo transformador, ao Fogo do Espírito, e retornai aos meus braços como novas Fênix. E assim renascereis das cinzas e vos tornareis seres alados.
Jamais hesiteis em vos entregardes ao Conhecimento, pois, repito, este é filho da Verdade. E a Verdade é um dos atributos de Deus.
“Batei e vos será aberto” – ensinou o Mestre dos Mestres. “Procurai e encontrareis” – Ele acrescentou. “Pedi e vos será dado” – Ele confirmou.
Portanto, acordai para a abertura das vossas consciências; para a expansão das vossas consciências. Porque esses novos tempos vos proporcionam tal dádiva com mais agilidade do que nas épocas antigas.
Alegrai-vos e elevai-vos sobre todos os grilhões. Para comerdes do novo trigo e para beberdes do novo vinho. Porque assim foi escrito, e assim será.
 “Eu vi um novo céu e uma nova terra”.


© Copyright Carlos Morandi 2011 - Fundação Biblioteca Nacional

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