sexta-feira, 2 de novembro de 2012

As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian


As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian


Peter Jackson deu conta, com sucesso, de uma empreitada que muitos julgavam impossível: adaptar o mundo mágico Tolkien para as telas. O Senhor dos Anéis é um daqueles raros casos em que a popularidade e o reconhecimento da crítica andam de braços dados – só o terceiro filme abiscoitou onze Oscars e é campeão em número de estatuetas ao lado de Ben-Hur e Titanic. Mas esse feito admirável gerou alguns efeitos colaterais, sendo o mais evidente deles a enxurrada de adaptações de livros de aventura que se passam em mundos mágicos. Se o livro que as originou tiver mais de um volume, melhor ainda. Afinal de contas, que estúdio não gostaria de ter um filão desses?

O primeiro volume de As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa –, de C.S. Lewis, foi realizado há três anos. Achei um filme meia-boca. Bonitinho em algumas partes, com bons efeitos em outras, mas, no geral, uma produção que não empolga. Para piorar, o longa jogava praticamente toda sua carga dramática em quatro crianças inexpressivas e tinha um desfecho frouxo e cheio de metáforas bíblicas.

Pois bem. Estréia amanhã a segunda aventura da série. Os irmãos Peter, Lucy, Susan e Edmund Pevensie, que no longa anterior foram coroados reis de Nárnia, são transportados mais uma vez ao reino encantado. Embora apenas um ano tenha se passado na Inglaterra, eles descobrem que 1300 anos se passaram em Nárnia. A Era de Ouro que eles conheceram está extinta, o reino foi conquistado por inimigos e os narnianos que sobreviveram vivem escondidos na floresta. Quando o ambicioso Miraz tenta matar o Príncipe Caspian, seu sobrinho e legítimo herdeiro do trono, para que seu filho seja rei, Caspian foge e se une aos narnianos. Com a ajuda de duendes, ratos falantes e todo tipo de criaturas, aos poucos surge um exército que pretende enfrentar Miraz e conduzir Caspian ao trono para que enfim haja paz entre todas as criaturas de Nárnia.

A história não é muito diferente em termos de contexto da anterior, com a diferença de que o grande vilão agora é Miraz e não a enigmática feiticeira branca – que, aliás, tem uma pequena participação nesse filme também. Os quatro atores que interpretam os irmãos Pevensie continuam inexpressivos de dar dó, mas, felizmente, Ben Barnes – o tal príncipe Caspian – é um pouquinho mais carismático. Dá até pena de ver o esforço do rapaz nas cenas em que ele tem que tentar criar um clima com a apática Anna Popplewell. Já Sergio Castellitto dá vazão a toda sua canastrice no papel do malvado Miraz. Com um elenco desses, é melhor mesmo se divertir com as criaturas de animação, que continuam ótimas. O leão Aslam, por exemplo, atua melhor do que qualquer um no elenco. Uma pena que ele mais uma vez entre em cena para “arrumar” as coisas de modo apressado, como se estivesse na hora de terminar o filme. Mas o defeito mais esquisito da trama é tentar criar um novo vilão a partir de um personagem que, até então, não tinha importância nenhuma.

Apesar disso tudo, Príncipe Caspian é ligeiramente melhor que O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. Um dos motivos é a acertada decisão de investir mais nas cenas de ação e aventura e menos no lado sentimental, onde ficaria mais evidente a fragilidade do elenco. Também é um acerto do roteiro não ficar explicando demais quem são os personagens, porque isso já foi feito no longa anterior – se você, caro leitor, não viu o primeiro filme, corre o risco de ficar meio perdido nessa seqüência. Resumindo: é um filme aceitável, porém facilmente esquecível.

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